Gente da PUC

Gente da PUC - 28 jul 2020

“Eu vim para este mundo para fazer a diferença, nem que seja só um pouquinho, na vida das pessoas”

Aos 50 anos, Robson decidiu cursar Engenharia Civil. Há apenas um ano na graduação, criou um respirador para ajudar na luta contra o coronavírus

respirador
Robson e o protótipo de sua criação: o respirador de baixo custo.

A experiência de 27 anos na área eletrônica e de outros 10 na área comercial não foram suficientes para Robson Luis Muniz se acomodar, e muito menos para abandonar um sonho da juventude: cursar Engenharia Civil. Por muito tempo, ele precisou repensar e priorizar, passando as necessidades da família e das filhas à frente, mas, aos 50 anos, Robson sentiu que a hora de se tornar universitário, finalmente, havia chegado.

Robson entrou na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) por transferência de outra instituição e conta que ficou impressionado com a estrutura e metodologia das aulas. “Para mim, parecia coisa de outro país, universidade estrangeira, achei sensacional”, conta, animado. Agora, ele parte para o terceiro período de Engenharia Civil, e está completamente envolvido com a faculdade. É representante de turma e diz sentir falta do contato diário com os colegas, com os quais se integrou bem. “Não sinto diferença ou dificuldade. Estou em uma sala de aula cheia de gente jovem e bonita e me sinto muito bonito e inteligente também”, comenta, descontraído. “Estou muito feliz”.

Mas a boa relação entre Robson e o curso superior não para por aí. Pelo contrário, ela parece ter sido maturada em barris de carvalho, ganhando contornos melhores a cada ano para, agora, culminar em um resultado primoroso. Em meio à pandemia, Robson decidiu investir parte do seu tempo para construir algo que pudesse ajudar as pessoas. Decidiu fabricar um respirador de baixo custo para auxiliar quem está hospitalizado por conta do novo coronavírus.

“Vacina, por exemplo, não era uma coisa que eu conseguiria desenvolver, mas algo relacionado à mecânica e eletrônica sim, isso é da minha alçada”, observa o universitário. Nas pesquisas, encontrou um modelo da Universidade de Cambrigde e o adaptou para a realidade excepcional da pandemia. O respirador criado por Robson já passou por testes nos hospitais Cajuru e Marcelino Champagnat e, agora, está em processo de aprovação pela Anvisa.

Confira mais informações sobre o respirador criado por Robson clicando aqui.

Um profissional adequado aos novos tempos

Apesar de toda a bagagem profissional, Robson não parou no tempo. Durante o processo de construção do respirador, ele colocou em prática algumas das habilidades mais requisitadas aos profissionais, atualmente: ser resiliente, não se deixar abater pelas dificuldades que surgem e combinar diferentes conhecimentos para resolver problemas. “Usei muito as coisas que vi nesses dois primeiros semestres da faculdade e conhecimentos da eletrônica, que eu já tinha”, conta.

Para ele, inclusive, o racional científico aprendido na faculdade foi essencial para que o projeto saísse do mundo das ideias e se transformasse em algo concreto. “Mudou minha visão de mundo. Em 27 anos de eletrônica eu abandonei muitos projetos porque não tinha uma metodologia. Hoje eu tenho, porque a faculdade me proporcionou esse conhecimento”. As parcerias, porém, também tiveram papel fundamental nessa história. Ele conta com a ajuda de um amigo, para ajudar na aplicação das programações, e com os professores da PUCPR. “Eu tive todo o apoio da Universidade. Eles foram me passando contatos até chegar nos hospitais para fazer os testes. Ter esse suporte é muito importante”, conta.

Assim como um artista que, muitas vezes, enxerga o máximo potencial de sua obra quando ela está em contato com o público, Robson está ansioso para que seu respirador chegue às pessoas e possa ajudar alguém. “Não fiz esse projeto para ganhar dinheiro. Se eu souber que ele ajudou a salvar uma única pessoa, já terá valido a pena. Estou ansioso para ver isso acontecendo”, afirma.

Com uma mente que não para, ele já tem outros projetos em fase de idealização. Mas prefere mantê-los no backstage, por enquanto. O foco, neste momento, é finalizar todo o procedimento do respirador, conseguir parceiros e, então, colocá-lo em funcionamento. Seu propósito já está bem claro: “eu vim para este mundo para fazer a diferença, nem que seja só um pouquinho, na vida das pessoas”.