No início do mês, a Association for Medical Education in Europe (AMEE) promoveu de forma online sua conferência anual mundial de educação médica, com participação de 84 países. Dentre os cinco trabalhos expostos por brasileiros está o board game “Semio”, desenvolvido por uma professora e estudantes dos cursos de Medicina, Arquitetura e Design da PUCPR. O trabalho ficou entre os mais populares e mais baixados, tornando-se o terceiro mais assistido de todo o congresso.

“Semio” é um jogo de tabuleiro acoplado a um simulador, desenvolvido para ensinar estudantes de Medicina a realizarem exames físicos e exercitarem seus conhecimentos de Semiologia. Como médicos plantonistas do hospital fictício Osler Galeno, os jogadores tiram cartas que representam casos clínicos e desenvolvem um diagnóstico. Os acadêmicos que acertam ganham pontos conforme a carta e seus personagens avançam no tabuleiro. Aquele que chegar primeiro ao final é o vencedor.

O jogo “Semio” é totalmente eletrônico e aumenta a velocidade e grau de dificuldade à medida que a partida avança, conforme explica a Dra. Maíra de Mayo Loesch, coordenadora do curso de Medicina da PUCPR e líder do projeto. “Vários casos clínicos necessitam de escuta cardíaca e pulmonar. Há um simulador de escuta no jogo, em que o estudante usa o próprio estetoscópio para fazer o diagnóstico”.

Dra. Maíra explica que o board game é uma forma de motivar os estudantes por meio de um aprendizado diferente. “A gameficação incentiva os acadêmicos a aprenderem não apenas o conteúdo da disciplina, mas também soft skills como liderança e colaboração em grupo. Eles aprendem se divertindo”.

Projeto multiprofissional

O board game começou a ser desenvolvido no fim do ano passado, e contou com uma equipe multiprofissional. Além da coordenação de Dra. Maíra, participaram do projeto os estudantes de Medicina, Diogo Rocha e Fernanda Arena; a egressa de Arquitetura e Urbanismo da PUCPR, Marcia Morizono; a egressa de Design, Gabriela Parizoto; e o doutorando do programa de pós-graduação em Tecnologia da Saúde da PUCPR, Luiz Kalva.

Luiz é formado em Engenharia Elétrica e trabalha na área de tecnologia médica. Ele foi convidado a integrar a equipe para auxiliar na implementação da parte tecnológica do “Semio”, e essa foi sua porta de entrada para o doutorado na PUCPR, pelo programa de pós-graduação em Tecnologia da Saúde. “Por meio do projeto, acabei ingressando numa área que nem sabia que existia na Medicina: a de simulação. Estudar depois de formado e continuar me aprimorando foi o que me deu essa oportunidade”, conta. O doutorando destaca ainda a importância de um aprendizado aplicado a projetos, para além da sala de aula.

O board game está em fase de plano de negócios, e conta com o apoio do Ecossistema de Inovação da PUCPR, a Hotmilk, durante esse processo. No futuro, o “Semio” deverá ter versões que fortalecerão o aprendizado de outras especialidades médicas, como pediatria, obstetrícia e cirurgia, além de uma variação para o curso de Veterinária.