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Destaque - 02 jul 2020

“Era uma forma de ajudar o próximo exercendo a profissão que eu tanto amo”

O engenheiro civil João Pedro Alves passou 56 dias trabalhando na construção de um hospital emergencial de Covid-19 no Rio de Janeiro

João Pedro, formado em Engenharia Civil pela PUCPR, ficou 56 dias participando da construção de um hospital emergencial para Covid-19 no Rio de Janeiro.

A facilidade com exatas na época do colégio e o gosto por observar obras ao redor da cidade não deixavam dúvidas: João Pedro seria engenheiro. O rapaz cursou Engenharia Civil na PUCPR e formou-se no ano de 2018, devido à sua paixão por construções. Saiu da faculdade determinado a contribuir para a melhora na infraestrutura do país e, dois anos depois, teve a oportunidade de participar de uma construção que hoje ajuda a salvar muitas vidas.

João Pedro Nogueira Alves trabalha na área de novos negócios da RAC Engenharia, e recebeu um desafio inesperado do presidente da companhia. “Ele me ligou por volta das 21h perguntando se eu topava ir ao Rio de Janeiro para trabalhar na construção de um hospital emergencial para combate à Covid-19. No dia seguinte eu já estava dentro de uma van indo para o Rio, e a obra começou um dia depois”, conta.

O desafio era grande: a equipe de João Pedro tinha o prazo de dois meses para concluir a obra de 15 mil m², e cada segundo contava. Os trabalhadores se dividiam em três turnos para que a construção continuasse ativa 24h, e estavam alojados no próprio campus da Fundação Oswaldo Cruz em Manguinhos, onde o hospital estava sendo erguido. “O dia a dia era intenso. Tínhamos que cumprir metas diárias um tanto ousadas, e nos desafiávamos sempre”, relembra João.

O engenheiro começou atuando na área administrativa e financeira da obra, e depois assumiu a frente de trabalho na parte da cobertura do hospital e implantação. “Nunca havia vivenciado um trabalho em que o esforço em equipe fosse tão essencial. Todos precisavam estar juntos, ajudando-se e se apoiando, focados no mesmo resultado”. João avalia que sua maior lição diante do processo foi a resiliência. “A cada dia nos deparávamos com um desafio diferente e precisávamos encontrar uma solução rapidamente. Precisávamos acreditar no resultado final e não deixar o cansaço ou a saudade de casa tomarem conta”.

Equipe que trabalhou com João na construção do hospital.

João Pedro reflete, inclusive, que a experiência de deixar o conforto de casa também o fez dar mais valor às pequenas coisas do dia a dia, como a companhia da família. O rapaz passou seu aniversário de 24 anos trabalhando na obra. “Foi diferente”, ele ri. “Mas isso fez bastante diferença na minha vida, pois passei a enxergar tudo com outros olhos”.

Com 40 dias de obra, o hospital já estava recebendo seus primeiros pacientes para serem atendidos nas alas que estavam prontas. O engenheiro se lembra da mistura de sentimentos que teve ao ver a primeira ambulância chegando. “Era triste pensar que as pessoas estavam correndo sérios riscos, mas sabíamos que agora elas teriam uma estrutura de alta qualidade para serem atendidas”.

Depois de 56 dias intensos de trabalho, todo o esforço e dedicação valeram a pena. A obra do hospital foi concluída e disponibilizou 195 leitos individuais de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes de Covid-19, proporcionando ao estado do Rio de Janeiro um aumento de 35% no número de vagas disponíveis. Como foi construído de forma permanente, após a pandemia, o hospital será destinado ao tratamento de doenças infecciosas por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

João Pedro aceitou o desafio que recebeu do presidente da empresa motivado pela possibilidade de contribuir durante um momento tão difícil. “Era uma forma de ajudar o próximo exercendo a profissão que eu tanto amo”, conta. Para ele, a conclusão da jornada trouxe um grande sentimento de dever social realizado e gratificação. “Um momento marcante para mim foi vivenciar o primeiro paciente recebendo alta. Ele saiu do hospital comemorando, a família dele esperava ansiosa. Nesse momento, o sentimento de missão cumprida se tornou concreto”, finaliza o engenheiro.