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Pesquisa - 09 set 2021

Tecnologia desenvolvida pela PUCPR pode ajudar no combate a incêndios

Metodologia utiliza inteligência artificial para identificar focos de queimadas a partir de satélites com taxa de precisão de 85%

Em 2021, 261,8 mil hectares do Pantanal já foram perdidos para as queimadas, segundo dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Muitos desses focos de incêndio, porém, podem ser previstos com a ajuda da tecnologia. Um exemplo é a metodologia desenvolvida pelo professor e pesquisador Fábio Teodoro de Souza, do Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana (PGGTU) da PUCPR.

O modelo já está disponível desde 2015 e foi testado no Parque Nacional Chapada das Mesas, no Maranhão, mas pode ser adaptado e aplicado em qualquer local do Brasil, inclusive no Pantanal. A metodologia considerou dados de focos de incêndios monitorados por satélites do Programa Queimadas do Inpe e dados meteorológicos da rede automática do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Como funciona

Souza explica que os focos de incêndios são identificados em todo o território nacional por vários satélites que registram o horário e as coordenadas geográficas dos focos. As variáveis meteorológicas, principalmente temperatura e umidade, explicam o fenômeno das queimadas, que normalmente começam com a combinação de baixíssima umidade e alta temperatura. Um sistema que lança mão de Inteligência Artificial foi utilizado para o treinamento dos padrões meteorológicos relacionados às “ocorrências” ou “não ocorrências dos incêndios”.

“Uma vez treinado com dados de um histórico passado, os modelos podem generalizar situações futuras e prever o risco de incêndio florestal. A antecipação da ocorrência da queimada permite ações para evitar ou diminuir os efeitos do desastre”, afirma o pesquisador.

No caso específico do Parque Chapada das Mesas, o modelo identifica os focos de incêndio com 6 ou 12 horas de antecedência e com 85% de taxa de acerto, já que a estação meteorológica usa somente três medições diárias. Se forem utilizados dados de estações meteorológicas com maior frequência de medição, entretanto, a antecedência e a eficácia das previsões de incêndios podem ser aumentadas.

Tecnologia a serviço do meio ambiente

Segundo Souza, a identificação do risco de incêndio florestal é uma informação útil aos órgãos responsáveis pelo combate às queimadas, já que a antecipação pode munir as instituições para enfrentar a situação de forma ágil e reduzir as chances de um grande desastre.

“As queimadas causam prejuízos e irreversíveis, tais como a destruição da biodiversidade e do patrimônio genético do Brasil. É preciso ter mais consciência das nossas riquezas naturais para protegê-las e evitar danos catastróficos para o nosso meio ambiente e para as futuras gerações dos brasileiros”, diz o pesquisador.

Além da previsão de incêndios, o modelo pode ser adaptado a outros fenômenos, como deslizamentos de encostas causados por fortes chuvas a até a previsão de hospitalizações por doenças respiratórias em determinada localidade, a partir da utilização de dados meteorológicos e concentrações de poluentes atmosféricos como variáveis explicativas.