Mestrado e Doutorado

Mestrado e Doutorado - 03 mar 2021

Pesquisa da PUCPR avalia papel do estresse oxidativo em casos graves de Covid-19

Desequilíbrio entre produção de radicais livres e antioxidantes não está relacionado à gravidade da doença, segundo o estudo

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Pesquisa analisou material de 77 pacientes hospitalizados, divididos entre casos moderados e graves. (Imagem: RPC TV)

Desde que a pandemia do novo coronavírus teve início, ainda nos primeiros meses de 2020, vários estudos de revisão sugeriam que a formação de radicais livres e o estresse oxidativo estariam ligados à gravidade da doença, contribuindo para um estado clínico mais preocupante. Porém, ainda não havia nenhum estudo que provasse se havia ou não essa relação. E esse foi, justamente, o objetivo do estudo de um grupo de pesquisadores da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

O trabalho foi publicado recentemente em uma importante revista científica. Os pesquisadores analisaram o soro de 77 pacientes e verificaram que não existe relação direta entre o estresse oxidativo e a gravidade da Covid-19 em pacientes hospitalizados.

O professor Ricardo Pinho, do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da PUCPR e pesquisador responsável pelo estudo, explica que o estresse oxidativo é resultado do desequilíbrio entre a formação de radicais livres e a capacidade antioxidante (ou seja, de defesa) presente nas células, tecidos ou órgãos.

Ainda de acordo com ele, a produção de radicais livres é um processo natural do corpo e até necessário para as células. O problema ocorre quando esse desequilíbrio – mais radicais livres do que antioxidantes – é prologado e intenso e o organismo não consegue responder adequadamente, o que pode levar a danos nas células e contribuir com o agravamento de doenças.

Nesse contexto, evitar a disparidade entre a produção de radicais livres e a quantidade de antioxidantes pode ser um bom caminho. “Há maneiras práticas que podem ajudar na redução do estresse oxidativo, como adotar um modo de vida saudável, com boa alimentação e realização regular de atividades físicas, além de manter o controle e tratamento de doenças que causam estresse oxidativo. Quando necessário, faz-se o uso, com orientação profissional, de complementos ou suplementos ricos em antioxidantes, o que parece ser o caso de pacientes com coronavírus”, diz Pinho.

Método e resultados

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Ilustração que demonstra o resultado do estudo.

Para realizar o estudo, os pesquisadores selecionaram 77 pacientes infectados pelo SARS-CoV-2 que foram internados em um hospital de Curitiba (PR). Eles foram divididos em dois grupos: um de quadro clínico moderado e outro de quadro clínico grave. Além dos dados clínicos, foram avaliados o perfil inflamatório e indicadores de estresse oxidativo.

Os resultados revelaram que pacientes graves que apresentavam alta contagem de leucócitos séricos e níveis elevados de PCR (proteína c-reativa) permaneceram mais tempo internados. Contudo, não foi observada, correlação entre os parâmetros de estresse oxidativo e o grau de severidade da Covid-19 na pesquisa.

“Trata-se de um estudo muito importante que, somado a outras informações na literatura médica, poderá contribuir para terapias mais eficazes no controle da doença, em especial para pacientes hospitalizados”, afirma Pinho.

A pesquisa está inserida em um projeto mais amplo, desenvolvido por vários pesquisadores da PUCPR, ligado ao novo coronavírus. O trabalho é financiado pela PUCPR e com recursos do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).

A pesquisa completa foi publicada na revista científica internacional Free Radical Biology & Medicine e pode ser acessada aqui.

Confira a matéria produzida pela RPC TV sobre o assunto neste link.