Rafael Lucio da Silva, 21 anos, é estudante de Fisioterapia na Pontifícia Universidade do Paraná (PUCPR) e morador da cidade de Almirante Tamandaré, um dos municípios do Paraná que apresenta taxas de homicídio acima da média nacional.

A história de mais um Silva, porém, tomou um caminho diferente daquele que parecia já traçado para o jovem: em 2016 Rafael passou no exame do ProUNI e foi aprovado para iniciar a graduação na PUCPR.

“Como vinha de escola pública sabia que precisaria de um curso pré-vestibular, então fazia uma jornada diária: aulas pela manhã, estágio à tarde e cursinho à noite. Foi um ano de sacrifício e muito estudo, mas que valeu a pena. Saber que havia passado na PUCPR foi surpreendente, jamais imaginaria que tudo tomaria a proporção que tomou”, relembra.

Já no segundo ano da graduação, em 2017, Rafael iniciou seu primeiro projeto de Iniciação Científica (PIBIC), ao desenvolver uma pesquisa destinada ao cuidado de idosos hospitalizados. “Foi um trabalho muito interessante, em que pude ter contato com diversos idosos que me mostraram que a vida tem sentidos que às vezes não podemos descrever”.

No ano seguinte ele fez parte da equipe brasileira a apresentar na University Of The Incarnate Word, no Texas, um estudo sobre Saúde do Imigrante.  “Sempre havia sonhado em sair do país para estudar e foi uma experiência incrível. Pude aprender sobre empreendedorismo e como elaborar projetos atrativos. Consegui ainda visualizar que outros campos são importantes para a formação profissional, não apenas a sua própria área”.

Essa foi a porta de entrada para o mundo da pesquisa acadêmica. Pouco tempo depois, o jovem paranaense estava na Universitat of Bochum, na Alemanha, uma das mais prestigiadas do país, desenvolvendo pesquisas sobre a “Modelagem Matemática Computacional para Investigação do Controle Postural Pós-acidente Vascular Cerebral (AVC)”.

“O objetivo do estudo é fornecer aos profissionais da fisioterapia mais informações e ferramentas para o tratamento de pacientes com AVC. Uma vez que exista a possibilidade de realizar análises confiáveis a respeito dos padrões funcionais dos pacientes, muitas informações podem ser extraídas e utilizadas para orientar diagnósticos e novos tratamentos”, explica o estudante.

No final de dezembro, Rafael voltou ao Brasil e trouxe na bagagem uma nova perspectiva sobre o futuro; visão essa que só foi possível moldar após ingressar no ensino superior e seguir o caminho da pesquisa científica.

“Foi uma experiência incrível, ainda mais quando você é o único da família que está na graduação, tendo estudado apenas em colégio público e filho de pai analfabeto”, conclui o pesquisador.