Mestrado e Doutorado - 13 dez 2023

Estudante cego apaixonado por tecnologia é mestre em informática pela PUCPR

Ingresso de pessoas com deficiência no ambiente universitário vai além do apoio de familiares, colegas e professores; inclusão deve ser promovida e incentivada desde a infância

Da esquerda para a direita: Altair Olivo Santin, professor e coorientador do PPGIa, Marco Antônio Simões Teixeira, professor do PPGIa, Eduardo Kugler Viegas, professor e orientador do PPGIa, Felipe Veiga, estudante do PPGIa e Luis Carlos Erpen de Bona, professor convidado da UFPR.
Da esquerda para direita: Altair Olivo Santin, professor e coorientador do PPGIa, Marco Antônio Simões Teixeira, professor do PPGIa, Eduardo Kugler Viegas, professor e orientador do PPGIa, Felipe Veiga, estudante do PPGIa e Luis Carlos Erpen de Bona, professor convidado da UFPR.

A inclusão de pessoas com deficiência já não é novidade nas pautas educacionais, porém, o número de ingressantes ainda é abaixo do esperado. Dados do INEP de 2017 apontam que a taxa de adesão ao ensino superior de estudantes cegos foi de 0,02% do total de matriculados, e dos alunos com baixa visão de 0,12%. De acordo com o IBGE, há 506 mil cegos no país.

Felipe Veiga Ramos, nascido em Peabiru (PR), foi um ponto fora da curva. Em 2023, Felipe concluiu seu mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Informática (PPGIa), da Escola Politécnica da PUCPR, além de já ter uma especialização em CiberSegurança no currículo.

Cego desde a infância, o jovem foi criado pela avó, que deixou a aposentadoria de lado para investir na educação do próprio neto. “Ela já era professora, mas, naquela época, em uma cidade pequena, não existia suporte para a educação de pessoas com deficiência visual, por isso ela decidiu estudar braile e soroban para me auxiliar no aprendizado”, comenta Felipe.

A ideia de uma educação inclusiva levou à criação e administração de um Centro de Apoio Especializado em Deficiência Visual (CAEDV), pela avó, que nele permaneceu ministrando aulas para crianças e adultos com deficiência visual parcial e total até sua aposentadoria.

“Depois que entrei para a 6ª série, consegui me virar melhor e ela finalmente tirou a esperada aposentadoria”. Felipe logo entrou para um ensino médio técnico, no qual teve o contato inicial com o mundo da tecnologia.

“Ter ele conosco foi um aprendizado constante. Na educação, precisamos sempre estar avançando e acolhendo as diferenças. Ter o ensino com acessibilidade é fundamental para que o maior número possível de estudante possa ingressar e avançar nos estudos”, afirma Emerson Paraiso, coordenador do PPGIa da PUCPR.

Com sistemas de acessibilidade e leitura de artigos em braile, Felipe salienta a importância de um conjunto de suporte: “Entrei na PUCPR após perceber que há um apoio eficiente. Os professores do curso e os meus colegas foram essenciais para que não desistisse do mestrado, mesmo durante a pandemia. Agora, até penso em ingressar no doutorado, quem sabe?”.