Padagogy Wheel

A roda padagogy – Não é sobre Apps, é sobre Pedagogia

Allan Carrington, Facilitador do Workshop de PD do TeachThought

Traduzido e adaptado por Bárbara Maria Camilotti, Thabata Cristy Zermiani, Anna Carolina Legroski, Luiz Fernando Bianchini e Fabiana De Nadai Andreoli

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 A Roda Padagogy foi desenvolvida para ajudar professores a pensar de maneira sistemática, coerente, com visão global e de longo prazo sobre como utilizar aplicativos de celular em estratégias de ensino e aprendizagem. A roda Padagogy é sobre mentalidade, é uma forma de pensar na era da educação digital e mescla conceitos sobre recursos, aplicativos de celular, transformação no aprendizado, motivação, desenvolvimento cognitivo e objetivos de aprendizagem de longo prazo.

A Roda Padagogy, não é ciência aeroespacial, é um dispositivo que pode ser utilizado no dia a dia dos professores; pode ser aplicada a tudo, desde o planejamento e desenvolvimento curricular até escrita dos resultados de aprendizagem e planejamento de atividades de ensino e aprendizagem. A ideia é que os usuários respondam aos desafios que a Roda apresenta para sua prática educacional e que se perguntem sobre suas escolhas e métodos.

O princípio fundamental da Roda Padagogy é que a pedagogia deve determinar o uso educacional dos aplicativos. É excelente encontrar um aplicativo novo e pensar, “Esse aplicativo é ótimo, mas como vou utilizá-lo na sala de aula?”. O que você precisa pensar é como este aplicativo poderá contribuir para os objetivos de aprendizagem da sua disciplina. O desenvolvimento da Roda Padagogy veio dessa preocupação, do desejo de ajudar os professores a tomar boas decisões e de como a pedagogia poderia impulsionar o uso da tecnologia e não o contrário.

 

Como a roda funciona?

A roda Padagogy reúne no mesmo catálogo diferentes domínios do raciocínio pedagógico. Os aplicativos de celular são localizados na mesma estrutura, associando-os ao propósito educacional para os quais eles provavelmente serão úteis. A roda permite aos professores identificar o propósito pedagógico e objetivos do uso dos aplicativos em atividades de ensino e aprendizagem, tendo como base o contexto dos resultados de aprendizagem do curso e necessidade de desenvolvimento dos seus estudantes.

É interessante ver a roda promovendo uma série de desafios e questões, um conjunto estruturado de aplicativos estimulando-o a refletir sobre seu ensino e aprendizagem, desde o planejamento até sua implementação. Esse conjunto de aplicativos é interconectado como engrenagens, na qual a decisão em uma área afetará a decisão em outras áreas. Considere cada área como uma categoria, na qual você filtra o que está fazendo. São cinco categorias: vamos analisar cada uma delas com mais detalhes.

As cinco categorias

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Atributos e capacidades de graduação (Competências)

As competências estão no centro do design da aprendizagem, abordam os objetivos de longo prazo e duradouros da nossa atividade educacional. Envolvem pensar que tipo de pessoas emergem dos nossos programas educacionais – sua ética, responsabilidade e cidadania por exemplo – e sua aplicabilidade na nossa sociedade atual e futura. Professores devem revisitar constantemente a maneira como seus programas estão contribuindo para o desenvolvimento dessas competências.

É necessário fazer o árduo trabalho de articular o que se espera do estudante, por exemplo, com o que o estudante é ou faz, o que consideramos bem sucedido e o que atende as expectativas da comunidade, como agentes ou líderes de mudanças. De que forma os professores podem ajudar os estudantes a saber com o que essa transformação “se parece”?.

Muitas universidades no mundo estão constantemente trabalhando em suas competências e mapeando seus programas. A postagem do blog “If you exercise these capabilities.. You will be employed!”, na qual há a entrevista com o professor Geoff Scott, é reveladora para os professores, pois destaca as competências desejadas pelos CEOs no mercado e descreve o que eles procuram numa contratação. Se os líderes educacionais não têm uma imagem clara das competências de um excelente estudante de graduação do seu programa, então como eles auxiliarão os estudantes a alcançarem excelência e se tornarem líderes?

Todos os professores precisam olhar para seus cursos e desenvolvimento pedagógico de seus cursos e se perguntar: “Como o que eu faço pode auxiliar nessas competências?” Há alguma maneira para desenvolver conteúdo que auxilie os estudantes a se tornarem excelentes?

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Motivação

A motivação é fundamental para alcançar de maneira efetiva os resultados de aprendizagem. É importante que os professores se perguntem com frequência “Porque eu estou fazendo isso de novo?” Estou me referindo a escolha dos resultados de aprendizagem, desenvolvimento de atividades, design de conteúdo, escrever textos e até mesmo fazer vídeos. Portanto, a roda representa um modelo de motivação do século XXI que a ciência desenvolveu e é muito bem apresentado por Dan Pink  no TEDtalk  “The Puzzle of Motivation

Acredito que pensar na grade de autonomia, domínio e propósito (ADP) e filtrar tudo que você faz, desde a ideia inicial até a avaliação, ajudará significativamente para que seu ensino seja transformador.

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Taxonomia de Bloom

A taxonomia de Bloom é uma maneira de auxiliar os professores a planejar objetivos de aprendizagem que exijam raciocínio de ordem superior. Você pode iniciar com as categorias “lembrança” e “compreensão”, as quais são as categorias mais fáceis para alcançar os objetivos propostos, mas produzem resultados menos eficazes para alcançar a transformação. Ao apoiar professores, recomendo que eles tentem alcançar pelo menos um resultado de aprendizagem de cada categoria e sempre avancem para o domínio da “criação “, no qual ocorrem os níveis mais altos de raciocínio. Este é o pensamento: “ao final desse seminário/workshop/ disciplina você será capaz de…”. Somente depois de desenvolver seus resultados de aprendizagem, você estará pronto para a escolha da tecnologia.

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Aprimoramento Tecnológico

O aprimoramento da tecnologia contribuirá para o planejamento pedagógico. Ao escolher qualquer aplicativo ou tecnologia, lembre-se de utilizar os critérios de seleção dos aplicativos. O modelo da roda apenas sugere aplicativos que podem dar suporte aos objetivos de aprendizagem e atividades no momento da publicação. A roda Padagogy precisa de atualizações constantes, com a inclusão de aplicativos, à medida que eles são lançados. Os professores precisam também pensar em personalização o tempo todo – existe um aplicativo ou ferramenta melhor para aprimorar as estratégias pedagógicas definidas?

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O modelo SAMR

O modelo the SAMR model  foi desenvolvido por Rubem Puentedura e significa “Substituição, Aumento, Modificação e Redefinição” – é uma estrutura que auxilia os professores a avaliar o grau em que a aprendizagem e o ensino digital estão (ou não) indo além do que pode ser ensinado por tecnologias analógicas. O modelo SAMR é muito útil ao considerar que você vai utilizar as tecnologias que você escolheu. É um modelo amplamente utilizado e com uma riqueza de recursos online, como, por exemplo, a excelente página SAMR resources page de Kathy Schrock’s. Uma perspectiva muito útil sob o ponto de vista dos estudantes.

O vídeo do youtube abaixo, de quando o uso da Roda Padagogy foi ensinado na China explica:

Pegue cada uma das suas atividades e pense em como você utilizará a tecnologia em cada uma delas. Pergunte-se: “Esta atividade apenas substitui (por exemplo: os estudantes poderiam facilmente realizar as tarefas sem a tecnologia escolhida) ou posso aumentar ou modificar as tarefas para melhorá-las e aumentar o engajamento?” Finalmente, analise o alinhamento construtivo da sua disciplina e sua prática de ensino por meio da grade SAMR de redefinição. Existe alguma tarefa que você possa incorporar à atividade que, sem a tecnologia, não seria possível?

A história da Roda Padagogy

Em 2012, em uma viagem de estudos para o Reino Unido, Allan Carrington teve a ideia de colocar aplicativos fora da estrutura da Taxonomia de Bloom e organizá-los de acordo com as suas categorias de domínio cognitivo. A taxonomia teve como base Bloom (1956) e a adaptação feita por Kathwhol e Anderson (2002), foi o trabalho deles que combinou a lembrança e compreensão.

A primeira versão da roda Padagogy teve em sua base as categorias de domínio cognitivo de Bloom e os professores começaram sua exploração da roda tomando decisões sobre os resultados de aprendizagem de cada uma dessas categorias. Eles almejavam resultados que promovessem habilidades de pensamento de ordem superior, nos domínios de “análise” e “criação”. Allan foi o primeiro a mostrar 65 aplicativos educacionais em torno da borda externa da roda. Esses aplicativos foram categorizados por seus pontos fortes para ajudar os estudantes a alcançar melhores resultados. Allan percebeu que estava descobrindo algo novo com os pedidos de permissão para uso da roda após os seminários.

De volta à Austrália, pensou sobre  “o que é bom ensino” e “qual é o seu conceito central”. Adicionou competências e capacidades empregáveis para a versão 2, e motivação e o modelo SAMR na versão 3. Após dois anos e 150.000 downloads, na versão 4, o número de aplicativos por categoria foi dobrado. Foram adicionados também mais conselhos sobre os critérios de seleção dos aplicativos.

 

Quero te lançar um desafio

Passe algum tempo pensando em como você pode aplicar as cinco grades no desenvolvimento da sua disciplina, plano de aula e prática de ensino. Aprenda mais sobre cada categoria e dê uma volta na roda Padagogy. Compartilhe suas melhores práticas. Eu adoraria ouvir você.

Este ano o objetivo é construir um recurso online de como os professores estão utilizando a roda, apresentando as melhores práticas e incluindo projetos de pesquisa. Seu trabalho na roda Padagogy pode ajudar milhares de educares ao redor do mundo. Isso ajudará os estudantes a se tornarem excelentes profissionais, levando transformações e mudanças nas suas comunidades e transformar, assim, o mundo num lugar melhor. Afinal, não foi por isso que você se tornou um professor?