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Destaque - 07 mar 2020

8 de Março: Mulheres que escolheram escrever o seu futuro

Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, trazemos três perfis de mulheres que fazem parte da família PUCPR e escolheram os caminhos que queriam seguir

Em uma Multiversidade, as pessoas têm diferentes opções. Elas podem escolher seus caminhos e ser tudo o que quiserem. E isso vale para todos. No Dia Internacional da Mulher, a PUCPR celebra a possibilidade de escolha que elas devem ter. Na carreira, se querem ser empreendedoras, gamers, CEO, pesquisadoras ou qualquer outra coisa, elas escolhem.

Por isso, trouxemos três mulheres que fazem parte da família PUCPR de diferentes formas e escolheram caminhos também diversos, todos eles inspiradores.

“É se entregar a uma paixão que tenha um propósito”

Paula Trevilatto, Pró-Reitora de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação, em foto oficial da cerimônia de posse de decanos e diretores de Câmpus,em 2019.

Paula é Pró-Reitora de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação da PUCPR, mas sua história com a ciência começou muito antes e envolveu boa parte de sua carreira. Para começar, ela fez duas graduações: Ciências Biológicas na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), em 1990, e Odontologia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 1996. Em ambas, participou de programas de Iniciação Científica. O gosto pela ciência continuou com o Mestrado e o Doutorado em Biologia e Patologia Buco-Dental cursados na Unicamp. Desde o início do envolvimento com a pesquisa ela já tinha uma linha de estudo: os fatores genéticos e clínicos envolvidos em doenças buco-dentais complexas. Ou seja, Genética Molecular.

“Em todas as doenças há uma predisposição genética e fatores que cada pessoa tem que as acentuam ou não. A importância desse tipo de pesquisa é ajudar a prevenir patologias e saber como tratar, no caso de quem já têm a doença”, explica Paula.

Enquanto ainda estava no Doutorado, ali pelos anos 2000, fez parte de uma seleção de Talentos da PUCPR, que buscava doutorandos ativos no meio científico cujas pesquisas tinham impacto social. Já em 2003 participou da gestão do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, da Escola de Medicina da PUCPR, no qual atuou como Coordenadora Adjunta, e integrou o Programa de Pós-Graduação em Odontologia. Passou também pelas posições de Coordenadora e Diretora de Pesquisa da Universidade e, então, pela Pró-Reitoria. Com uma gestão que começou apenas com pesquisa de pós-graduação Strictu Sensu, hoje, a área é responsável também por Internacionalização, Pós-Graduação e Educação Continuada Latu Sensu, e Inovação. “Os desafios são gigantescos, mas a gente desenhou muitas estratégias de 2010 para cá que culminaram, por exemplo, no primeiro lugar da PUCPR no Times Higher Education em pesquisas com impacto”.

Como se não bastasse toda a atuação em prol da pesquisa dentro de uma das maiores universidades do Paraná, ela ainda tem uma representação nacional: é Secretária de Finanças da Diretoria Executiva do Fórum de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação Nacional (FOPROF), em que se discutem e são criadas propostas de políticas públicas do Ensino Superior, Tecnologia, Ciência e Inovação.

No caso de Paula, o apoio na vida pessoal também foi essencial para que fosse possível construir uma carreira de tanto sucesso na academia. “Eu tenho um marido muito compreensivo, que cuida da casa, que me serve um café enquanto eu estou resolvendo as coisas. Isso é muito bonito”, explica.

A relação de Paula com a área de pesquisa é muito mais do que apenas trabalho. É uma relação profunda e complexa feita de paixão, dedicação e foco. Para outras meninas que também querem ser pesquisadoras, ela indica que a receita é unir todos esses fatores. “Eu acho que não tem limite para nada, não depende de gênero. Se você tem um foco e quer contribuir com o mundo de alguma forma, para melhorar a qualidade de vida das pessoas, não há trava. É se entregar a uma paixão que tenha um propósito”.

 

“Acredite, porque o resultado vai valer muito a pena”

Paula é Desenvolvedora de Jogos na EA Games

Brasileira e desenvolvedora de jogos que mora em Vancouver, Canadá. Esses elementos já bastariam para destacar Paula Silva. Mas há outros que dão tons ainda melhores para essa história.

Seu primeiro videogame foi um Nintendo, presente dos pais no aniversário de 4 anos. Jogou muito a vida toda. A diversão dos fins de semana era visitar os amigos, principalmente quando eles tinham um jogo ou um console novo. Ela cresceu, e na mesma medida cresceu o gosto e o interesse pelo mundo dos games, que ela levou para a faculdade. Não apenas jogando, mas como área de estudo. No Trabalho de Conclusão do Curso em Análise e Desenvolvimento de Sistemas ela criou um jogo com foco educacional. Foi com essa experiência, de ver seu game sendo testado por diferentes pessoas, que ela teve certeza de que era na área de jogos que queria trabalhar.

No caminho, porém, surgiram alguns percalços. “Na época eu tive uma certa dificuldade de encontrar algo remunerado nessa área, no Brasil. O mercado está crescendo, o número de empresas e jogos brasileiros só tende a aumentar, como a gente vê em feiras como a SBGames, mas foi um pouco difícil ”. O próximo passo, então, foi buscar uma especialização para complementar os conhecimentos e se fortalecer tecnicamente. Ela escolheu a Pós-Graduação em Desenvolvimento de Jogos da PUCPR e participou de todos os projetos acadêmicos, voluntários, feiras e eventos que podia.

“Eu ia em tudo em que pudesse não apenas desenvolver jogos, mas conhecer outros tipos de pessoas com o mesmo interesse que eu. Eu participei, por exemplo, do LAJE, o Laboratório de Jogos Digitais da PUCPR, que me ajudou a conhecer bastante gente, aumentar meu conhecimento, trocar experiências com pessoas de diferentes áreas”, explica.

A dedicação por aprender, buscar oportunidades e se conectar com as pessoas foi o que permitiu que Paula vivesse tudo o que ocorreria pela frente. Depois que ela terminou a especialização, o marido foi convidado para estudar em Vancouver, no Canadá. Em 2018, foram morar em terras canadenses e ela agarrou as chances que teve, sem medo. “Depois de estarmos estabilizados, surgiu uma oportunidade para eu me aplicar para EA Games. Me inscrevi, fiz todo o processo e já no dia seguinte à entrevista eles me ligaram com uma proposta para trabalhar lá”.

A EA Games é uma das maiores empresas de desenvolvimento de games do mundo e a proposta em questão era para trabalhar com um jogo muito popular, inclusive no Brasil: o FIFA. Hoje, Paula Silva é a QA das áreas de Systems e Rendering, ou seja, está responsável por toda a parte de testes, performance e renderização do FIFA em todas as plataformas em que ele é disponibilizado. Trabalhando em algo que também é seu hobby e sua fonte de diversão desde criança, ela tem um objetivo muito claro: evoluir e crescer o máximo que pode.

A área, segundo ela, exige muita dedicação e planejamento, principalmente para quem quer ser autônomo e criar seus próprios jogos, mas é muito recompensadora. Mesmo sendo uma área ainda bastante masculina, ela não se intimidou e indica o mesmo para outras meninas que pensam em seguir carreira no Game Development.

“Cara, se você gosta de algo, se você tem vontade de tentar, vá e invista nisso. Toda área sempre vai ter altos e baixos, momentos de stress, mas na área de jogos não há nada mais gratificante do que ver uma pessoa se divertindo com um jogo que você fez ou ajudou a criar. Acredite, porque o resultado vai valer muito a pena. Se é o que você quer, invista com certeza.”

 

“Não tenham medo dos desafios, de crescer e se desenvolver”

Isela foi presidente da Aerolineas Argentinas

Isela Constantini foi posta à prova e à dúvida muitas vezes durante a carreira, e a construiu com base no planejamento e na coragem. Desde o primeiro dia do curso de Publicidade e Propaganda na PUCPR sabia que queria experimentar todas as áreas possíveis da profissão e ter a certeza do que realmente gostava, para direcionar sua carreira de forma assertiva. “Eu tinha pavor de pensar que poderiam se passar alguns anos da minha carreira e eu descobrir que gostava de outra área que nunca havia experimentado. Então fiz um plano para estagiar nos melhores lugares em que eu poderia aprender cada coisa”, explica.

De carta em carta, pedindo uma vaga, ela passou por áreas de Redação, Planejamento de Mídia e Comunicação, em grandes agências de publicidade de Curitiba. Em uma dessas tentativas, conseguiu uma vaga efetiva no Grupo Boticário, trabalhando em programas de fidelidade para clientes, lançamento de novos produtos e expansão da empresa para outros países. “Foi uma experiência incrível, porque eu tinha 20 ou 21 anos, e estava sentada na mesma mesa que a alta gestão do Boticário”, conta.

Foi em busca de desafios em outras companhias e, depois, fora do Brasil. Muito nova, algumas vezes Isela passava pela descrença dos colegas de trabalho, mesmo com diferentes experiências, inclusive em grandes projetos. Partiu então para um MBA na Universidade Loyola de Chicago, Estados Unidos, para reforçar ainda mais o currículo.

Foi em uma feira de carreiras que Isela teve uma das grandes oportunidades de sua vida profissional, ainda jovem: trabalhar em São Paulo, como coordenadora em uma área de desenvolvimento de novos projetos da montadora General Motors. “Era um laboratório muito divertido, de onde saíram os projetos de vendas pela internet e um super call center para atender pequenos concessionários, diminuindo as viagens de gerentes e da equipe de pós-vendas”, explica. Aos 35 anos, Isela foi promovida para uma posição estratégica em que dividia espaço com homens que trabalhavam há 50 anos na Companhia. Mais uma vez, a pouca idade foi um fator gerador de desconfiança de outros. Mas isso não a fez parar. “Pela minha forma de ser, minha sede de aprender e buscar me desenvolver desde cedo, chegar aos 35 anos no cargo que cheguei era estranho para as pessoas. O peso da pouca idade foi tão grande quanto o de ser mulher em uma montadora na América Latina”. Foram 17 anos de GM e 13 cargos, incluindo a de presidente das operações da Argentina, Uruguai e Paraguai.

Quando chegava o momento de assumir outros desafios dentro da montadora, surgiu o convite de Maurício Macri, à época chefe do executivo argentino, para presidir a Aerolineas Argentinas. Como havia feito tantas vezes, Isela abraçou o desafio e o desconhecido. “Achei que seria uma super oportunidade. Eu gostava de fazer reestruturações e mudanças culturais nas empresas. Queria entender se eu sabia fazer isso fora de uma montadora”. Ela soube. Mesmo em uma curta trajetória de um ano, impactada por diversos fatores internos do país, conseguiu entregar um projeto de reestruturação completo e os primeiros resultados positivos.

Mas decisão mais difícil chegou no momento em que tinha mais opções: quando saiu da Companhia Aérea. “O que eu ia fazer? Ficava na Argentina? Estava recebendo muitas propostas de trabalho nos Estados Unidos. Aceitava? Ao mesmo tempo, a GM me chamou de volta”. Ela escolheu a si mesma. Fez uma lista de tudo que gostaria de ter feito nos últimos anos da carreira, tudo o que queria fazer, e foi resolver.

Hoje, tem livro publicado e trabalha em diversos projetos, desde que a ofereçam desafios. “Estou em reestruturações de bancos, em uma fintech americana, montando a organização. Enfim, fazendo as coisas que me divertem”.

Para uma mulher que construiu uma carreira no mundo corporativo, a chave é não ter medo. “O que eu digo para as mulheres é que não tenham medo dos desafios, de crescer e se desenvolver. Busquem os espaços, existem muitos, e muitas oportunidades”, incentiva.