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Destaque - 29 jun 2020

Currículo 4.0: como chamar a atenção dos recrutadores?

Modelos interativos e bem organizados são mais atrativos e podem ajudar a destacar o candidato

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Ferramentas com Power Point e Word podem ser uma solução para montar currículos diferentes, de forma simples. (Foto: nappy.co)

A era dos currículos formais, todos em preto e branco e com o mesmo padrão acabou. Para chamar a atenção dos recrutadores é preciso se diferenciar, afinal, segundo uma pesquisa da Catho com mais de 400 profissionais de recrutamento e seleção, divulgada em 2019, mais de 60% deles avaliam e descartam um currículo em até 30 segundos.

Para expressar essa nova identidade do “cartão de visita” dos candidatos, o PUC Carreiras adotou o termo Currículo 4.0, que faz referência às transformações da Indústria 4.0 e às mudanças trazidas por ela em diferentes áreas do conhecimento. Nesse modelo, mais moderno, além de apresentar as experiências profissionais e formação acadêmica, o currículo deve refletir a personalidade do candidato. “Nós temos que pensar em currículos mais criativos, estilizados e visualmente interessantes, que tragam informações através de infográficos, por exemplo”, explica a especialista em orientação e desenvolvimento de candidatos no PUC Carreiras, Elaine Bergmann.

Um caminho para tornar os currículos mais interativos é montá-los na ferramenta Canva, que traz diversos layouts prontos, com opções de infográficos, ícones, entre outros recursos, de forma gratuita e intuitiva. Para quem não sente segurança em arriscar neste tipo de plataforma, programas como Power Point e Word, que também têm templates padrão, mas com design diferenciados, são uma alternativa. Inserir links e QR Codes que direcionem para perfis no LinkedIn e para o portifólio, no caso de candidatos do setor criativo, é uma dica para deixá-lo ainda mais tecnológico.

Regras básicas continuam valendo

Apesar de sugerir uma modernização no documento, Elaine alerta para a necessidade de continuar atento aos detalhes e à organização. “Currículo é como um livro: não basta ter uma capa bonita e chamativa, é necessário trazer um conteúdo legal. Também é importante ter bom senso para não poluir com informações visuais demais”, alerta.

Desse modo, algumas regras básicas continuam valendo: estruturar o que vai ser colocado antes de começar a montar; dividir as informações em tópicos, agrupando aquilo que é semelhante; tomar cuidado com letras em caixa alta, que podem comprometer a leitura e interpretação do recrutador, passando a sensação de que você está “gritando”; não ultrapassar uma página; e revisar sempre.

Em relação à organização, Elaine dá outras dicas importantes: separar as habilidades técnicas e comportamentais em um tópico próprio, e não agrupar experiências que sejam de categorias diferentes. “Vemos algumas pessoas colocando experiências acadêmicas, como PIBIC, junto às experiências profissionais, internacionais e de voluntariado. É importante separá-las”, observa.  Ainda na descrição das experiências profissionais, é fundamental que estejam em ordem cronológica, começando pela mais atual e terminando com a mais antiga.

O que não pode faltar

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Inserir e adaptar o campo “objetivo” para cada vaga é importante para passar pelo primeiro crivo dos recrutadores. (Foto: Gabrielle Henderson on Unsplash)

Mesmo em um Currículo 4.0, alguns itens são essenciais para que o recrutador filtre rapidamente e identifique, em um primeiro momento, se o profissional é adequado à vaga.

Segundo Elaine, é fundamental constar o objetivo do candidato, a formação acadêmica e um resumo de qualificações, no qual descreve seu perfil profissional e as contribuições que as experiências trouxeram para ele.

A especialista do PUC Carreiras chama a atenção, ainda, para a importância de inserir e adaptar o campo “objetivo” para cada uma das vagas de interesse. “Isso demonstra para as empresas que o candidato tem foco e sabe o que está buscando. Muitas companhias excluem dos processos seletivos quem não coloca esta informação”, explica. “Além disso, é importante para que as empresas com mais de uma posição em aberto na mesma área possam identificar, rapidamente, em qual delas o candidato tem interesse”.

Dica bônus

Para pessoas que buscam vagas no exterior, ou para aquelas que já inseriram todas as informações de maneira sucinta, mas ainda têm um espaço disponível no documento, Elaine aconselha colocar hobbies e assuntos que o profissional goste, na vida pessoal. “Esse tipo de informação é bem comum em currículos no exterior”, comenta. “E é bacana porque conseguimos captar toda a personalidade da pessoa. Se ela gosta de jogar xadrez, por exemplo, passa a impressão de que é uma pessoa estratégica, que pensa antes de agir”, exemplifica.

Essas informações podem ser inseridas de forma visual, com ícones que representem a atividade, ou em um infográfico, sempre no final do currículo. Vale citar viagem, animais, jogos, entre outros, o que também ajuda a “quebrar o gelo” entre entrevistado e recrutador, gerando identificação.

Porém, a especialista do PUC Carreiras, alerta que isso deve ser um complemento ao conteúdo principal. “Não pode chamar mais atenção do que o restante das informações. Tem que ser um plus, para dar um acabamento ao currículo”, explica.