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Planeta PUC - 08 out 2020

Como funciona a produção de uma vacina?

Professor de Medicina da PUCPR explica as etapas do processo que está sendo utilizado para desenvolver vacinas contra o coronavírus

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O mundo todo está na corrida pelo desenvolvimento de uma vacina eficaz para o coronavírus, buscando diminuir os impactos da atual pandemia. As pesquisas sobre o tema têm movimentado universidades e empresas da área da saúde, com alguns resultados promissores. Mas como, exatamente, funciona a criação de uma vacina? Quando é possível dizer se ela está pronta para ser distribuída à população e quanto tempo leva para atingir esse resultado?

Conforme explica o Dr. Victor Horácio, professor infectologista do curso de Medicina da PUCPR, muitas áreas do conhecimento participam do processo de desenvolvimento de uma vacina. Geralmente, os grupos de pesquisa são integrados por microbiologistas, virologistas, farmacêuticos bioquímicos, biomédicos e médicos. Na hora de desenvolver a imunização, o time de profissionais pode utilizar fragmentos ou proteínas do vírus, o vírus morto ou, ainda, o vírus vivo e enfraquecido, dependendo do que for considerado mais eficaz.

Produção passa por diversas etapas

Após a realização dos estudos iniciais, a vacina passa por quatro etapas principais, como detalha o professor. A primeira delas é a produção de um concentrado vacinal, que consiste na replicação de uma célula de referência para compor a vacina. Em seguida, ela vai para a etapa de formulação, em que são adicionadas substâncias que estabilizam o concentrado, dando a ele um tempo de conservação e estímulos para a produção de anticorpos, por exemplo. Na terceira fase, é feita uma avaliação sobre a estabilidade da vacina, além de ser definida a fração ideal para imunizar uma pessoa. Por último, o controle de qualidade analisa o que foi produzido e libera a vacina para fabricação.

É nesta fase, a número quatro, que ocorrem os testes em seres humanos. “A testagem da vacina é a fase mais importante, pois visa garantir a segurança dela com relação aos efeitos colaterais e a sua eficácia”, explica Dr. Horácio. A primeira fase dos testes é feita dentro do laboratório, e logo após vem as fases pré-clínica e clínica. A última delas possui três partes. “Na primeira, o objetivo é testar a segurança do produto com poucos voluntários. Na fase dois, a testagem é mais detalhada e há um grupo maior. Já a terceira é aquela que testa a vacina em milhares de pessoas”. Durante esse processo, alguns dos voluntários recebem um placebo no lugar da imunização, para garantir imparcialidade na análise.

Em quanto tempo se faz uma vacina?

A resposta para essa pergunta depende de uma série de fatores, segundo Dr. Horácio. A necessidade e a urgência da vacina são levadas em consideração, assim como os resultados dos testes, que precisam ser registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Quando a pesquisa está em andamento e os resultados já estão sendo enviados para registro nos órgãos regulatórios, o processo tende a ser mais rápido. No caso das vacinas do coronavírus, a parte legal de validação e autorização de aplicação já está sendo acompanhada”, explica.

Em condições normais, uma vacina levaria cerca de um ano para ser desenvolvida, de acordo com o professor. No entanto, no contexto da pandemia, ele prevê que a liberação deverá ser mais rápida. “Para serem aprovadas, a maioria das vacinas tem taxas de eficácia acima de 80%, e precisam apresentar taxas de efeitos colaterais mínimas”, acrescenta. No entanto, é necessário garantir a segurança também a longo prazo. “As vacinas continuam sendo monitoradas mesmo depois de disponibilizadas para a população”.

Quanto às pesquisas que estão sendo realizadas em busca da imunização para o coronavírus, o professor se demonstra otimista. “Todos os laboratórios com vacinas em fase três são extremamente sérios, e os resultados são bem promissores para termos uma vacina segura em um curto período”, prevê Dr. Horácio.