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Destaque - 26 maio 2020

Acadêmicos da PUCPR atuam no combate à pandemia

De voluntariados a pesquisas, estudantes e egressos colocam conhecimentos em prática para minimizar danos causados pelo coronavírus

Estudantes voluntários
Fernanda Nascimento (de jaleco branco e óculos), estudante e voluntária de Enfermagem da PUCPR, e a equipe que a acompanha na UTI do Hospital Cajuru.

Quando soube que o Hospital Universitário Cajuru estava à procura de estudantes voluntários, Fernanda Nascimento, do 7º período de Enfermagem, não pensou duas vezes. “As aulas presenciais haviam parado e eu pensei ‘o que vou fazer em casa?’. Se meu local de aprendizagem está precisando de ajuda, eu vou me voluntariar”, conta ela. Fernanda está atuando na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital no período da manhã, e seu marido, enfermeiro formado pela PUCPR, está na linha de frente do combate ao coronavírus.

Fernanda e sua equipe tem recebido treinamentos semanais a respeito dos protocolos de segurança. Todo o aprendizado que o voluntariado está proporcionando compensa o frio na barriga causado pelo desconhecido, de acordo com a estudante. “Estou aprendendo muita coisa na prática, tenho desenvolvido meu raciocínio clínico e melhorado minha postura profissional”. Fernanda também se sente realizada por estar servindo a uma boa causa. “É um lugar que muitas pessoas consideram hostil, mas vejo como um lugar de troca”, explica.

Estudantes voluntáriosTambém dentro do Cajuru, mas no setor de clínica médica, atua a estudante do 11º período de Medicina, Elizabeth Miotto. Para continuar seu estágio no hospital, ela optou por sair de casa e morar temporariamente no apartamento emprestado de um amigo, visando proteger a mãe e a tia, que fazem parte do grupo de risco.

Em sua rotina de trabalho, a estudante visita os pacientes internados na enfermaria, realiza anamnese – ou seja, a entrevista com os pacientes para fazer possíveis diagnósticos ‑ e exames físicos. Na opinião dela, o estágio em tempos de pandemia é uma oportunidade de amadurecimento emocional, espiritual e profissional. “Estou vendo o quanto a Medicina não é só uma profissão, mas uma escolha de vida, uma vocação”, reflete. Elizabeth destaca a importância do trabalho dos acadêmicos dentro do hospital, tanto para a equipe de profissionais quanto para os pacientes. “Escolhi esse curso para ajudar uma vida sequer, e saber que podemos contribuir é gratificante”.

Pesquisas e descobertas

Estudantes voluntáriosAssim como ocorreu em diversas partes do mundo, os setores de pesquisa da PUCPR também se mobilizaram em prol da compreensão sobre o coronavírus. Marcos Curcio, estudante do 7º período de Medicina, estava desenvolvendo um PIBIC (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica) na área de infectologia, mas decidiu engavetar o projeto pela urgência dos estudos sobre coronavírus e desenvolver outro. A nova pesquisa consiste em um levantamento de dados epidemiológicos clínicos da Covid-19 no Hospital Marcelino Champagnat, que contribuirá com um relatório geral feito em diversos hospitais da rede pública e particular de Curitiba. O objetivo dos pesquisadores envolvidos é entender como a doença se manifesta e quais seus sintomas mais comuns.

Marcos ficou responsável por desenvolver os formulários que serão enviados aos hospitais para coletar as informações. Na segunda fase, ele fará o levantamento e a análise das informações dos pacientes atendidos pelo Marcelino Champagnat. O estudante conta que sempre teve vontade de seguir carreira na pesquisa, e que o PIBIC o fez perceber sua importância, mesmo como acadêmico. “Não estou só dentro de casa lendo livros, estou ajudando de alguma forma no combate à pandemia”, reflete.

Estudantes voluntáriosJá para Lucas Baena, estudante do 5º período de Medicina, o envolvimento com estudos na área de saúde é um exemplo que vem de casa. Filho da Dra. Cristina Baena, coordenadora de pesquisa do Hospital Marcelino Champagnat, ele está desenvolvendo um estudo para analisar os mecanismos de infecção do coronavírus e mapear a resposta imunológica dos pacientes, em busca de padrões.

A pesquisa de Lucas integra um projeto que envolve estudantes de mestrado, doutorado e professores da PUCPR. Ele é responsável pela parte teórica de revisão de literatura e escrita, enquanto sua orientadora, professora Lucia Noronha, faz a análise das biópsias feitas no Marcelino Champagnat. “Nós já encontramos algumas diferenças nas respostas de paciente para paciente, e estamos questionando alguns parâmetros de intubação utilizados atualmente. Vamos propor possíveis alternativas”, conta Lucas.

“A partir do momento em que entendermos a evolução da doença, conseguiremos tratá-la melhor”, explica o estudante, ressaltando a importância da pesquisa e da ciência de qualidade em momentos como esse. Ele conta que está aprendendo muito sobre a importância do rigor na hora de coletar e publicar informações. “Imagino que isso irá me fazer um médico melhor”.

Tecnologia em prol da saúde

Equipe de Robótica da PUCPR que está envolvida na pesquisa sobre o novo respirador. À esquerda, de laranja, Daniel Stuart.

Não é só a área da saúde que pode contribuir para minimizar os danos causados pelo coronavírus. Estudantes que fazem parte do grupo de robótica da PUCPR estão desenvolvendo um projeto de respirador mais acessível. Conforme explica Daniel Stuart, estudante do 5º período de Engenharia da Computação, ele e a equipe criaram o protótipo com peças e motores que já tinham, e usando impressoras 3D para produzir algumas das que faltavam.

“Outros projetos utilizam motores que custam R$200, nós conseguimos fazer com um que custa R$30 e é mais fácil de controlar”, detalha Daniel. O novo modelo de respirador utiliza um balão de ressuscitação que é comprimido pelos motores e gera uma pressão de ar que é levada até o paciente. Agora, o projeto se encaminha para a fase de testes. “Se acontecer de faltarem leitos, abrem-se alternativas para permitir que as pessoas possam sobreviver”.

Profissionais formados também à postos

Estudantes voluntáriosVictoria Ribeiro é egressa de Enfermagem da PUCPR, e atua na Unidade de Atendimento Avançado à Covid-19 em São José dos Pinhais. A jovem de 23 anos aceitou o desafio ainda recém-formada, e conta que aprendeu a valorizar o próprio trabalho e de todos os profissionais da saúde. “É recompensador poder ajudar e ver os familiares dos pacientes agradecidos”.

Victoria costuma fazer atendimentos nas tendas de triagem, e avalia que seu trabalho está cada vez mais corrido por conta de um crescimento repentino de casos. Por outro lado, a enfermeira destaca a importância da conscientização que ela e sua equipe tem conseguido exercer durante os atendimentos. “Sabemos que é difícil ficar sem ver a família e os amigos, mas quanto antes a gente se cuidar, antes isso tudo passa”, reflete.